05 março 2011

Último Dia

Passei a noite no município de Guarujá, litoral paulista, logo depois de Santos. Foi uma noite meio conturbada. Houve um vazamento no banheiro que alagou todo o quarto mas, depois de discutir bastante com o recepcionista, que não estava lá com muita boa vontade, consegui trocar para um outro quarto. Depois disso, a noite foi bem tranquila.

Após o café da manhã, era hora de pegar a estrada de novo. Fui informado de que o melhor caminho para pegar a Dutra era via Rodovia dos Imigrantes. Porém, andar em rodovias paulistas não é para iniciantes. As placas não indicam as cidades para onde elas vão. Em vez disso, só se vê nomes de outras rodovias como Anhaguera, Fernão Dias, Mário Covas e outras. Mas qual vai pra onde? E qual delas devo pegar para o Rio de Janeiro? Não sei.

Depois de rodar alguns quilômetros no Rodoanel (sim, eu sabia que estava lá porque vi numa placa), me deparei com uma viatura da polícia rodoviária e parei para pedir informações. Os policiais cordialmente me disseram para seguir pela Mário Covas até a Ayrton Senna para finalmente chegar à Pres. Dutra, mas era para tomar cuidado no trecho da Ayrton Senna porque havia favelas e registros de assaltos a motociclistas. Felizmente não me aconteceu nada.

Daí em diante foi bastante tranquilo. Algumas chuvas no caminho, mas nada tão forte quanto nos dias anteriores. E depois de 9 300 quilômetros – ida e volta – eu estava de volta ao lar já pensando em uma próxima aventura.

Abraços a todos que nos acompanharam do início ao fim!

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04 março 2011

Chuvas, Chuvas e Mais Chuvas!

O dia estava bonito em Balneário Camboriú. O sol e o mar eram um convite para passar mais tempo ali. Infelizmente era preciso seguir viagem. Qualquer dia volto aqui com mais tempo.

Voltei para a BR-101, que desde a cidade de Palhoça está boa, e o sol foi me seguindo até próximo à divisa com o Paraná. Daí em diante peguei chuvas fortes e ininterruptas. Era muita água caindo do céu. Mais adiante, já no Estado de São Paulo, a intensidade das chuvas diminuiu um pouco, mas foram poucas as vezes que parou. E a moça do tempo ontem na TV dizendo que a chuva ia dar uma trégua. Errou feio!



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03 março 2011

Caminhões

Antes de sair de Porto Alegre, passei na KA Motos, assistência técnica da Kasinski, para colocar um retrovisor decente, além do pisca e do manete do freio dianteiro. Com isso e uma boa lavagem, a moto ficou com aspecto de nova outra vez.

Minha ideia inicial era de ir até Curitiba, mas quando soube das chuvas intensas que estavam caindo por lá, achei melhor repensar o plano. Além disso, de acordo com a previsão do tempo na TV, a chuva deve dar uma trégua amanhã. Decidi que seria melhor ficar em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

A BR-290 no trecho que vai de Porto Alegre até a BR-101 é conhecido como Freeway. É uma pista rápida e lembra a Ruta 9, que liga as cidades argentinas de Rosário e Córdoba, porém, com uma vantagem, tem três faixas em cada pista ao invés de duas. Apesar disso, o limite de velocidade é de 100 km/h, enquanto a via argentina permite até 130 km/h. Eram poucos os veículos que respeitavam o limite estabelecido. A sensação que tive era de que todos estavam me ultrapassando. Já está mais do que na hora das autoridades reverem o limite máximo de velocidade permitida no Brasil, pois o atual não combina muito com os veículos modernos.

Ao entrar em Santa Catarina, passei por trechos em obras de duplicação da BR-101 -- e construção de mais pedágios também. A viagem se tornou mais lenta, principalmente por causa da demasiada quantidade de caminhões na rodovia. Para piorar, havia poucos trechos com faixa extra para veículos lentos, e quando apareciam, os caminhoneiros não ficavam neles. Em vez disso, andavam com os caminhões lado a lado, fechando o caminho para os veículos leves e mais rápidos. Isso ia tornando a viagem cada vez mais cansativa. Definitivamente o Brasil precisa investir pesado em algum outro meio de transporte de cargas. Caminhões ajudam a trazer o progresso, mas, na quantidade que temos hoje, são um atraso de vida!



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02 março 2011

Em Território Nacional

Agora que voltei ao Brasil, posso pilotar com mais tranquilidade, já que não tenho o problema de prazo de permanência com a moto que tive na Argentina. Para circular com veículo próprio pelos países que fazem parte do Mercosul é preciso obter um seguro especial conhecido como Carta Verde. O meu Carta Verde me dava o direito de permanecer fora do Brasil até o dia 1° de março, ou seja, ontem. Por causa disso não pude tardar o meu retorno.

E como está bom o asfalto da BR-290, que liga Uruguaiana ao litoral gaúcho. Claro, como a maioria das rodovias brasileiras, tem lá suas imperfeições, alguns buracos e irregularidades no piso. Mas comparando com a situação da última estrada que passei na Argentina, estava ótima! Até voltei a sentir o prazer da pilotagem.



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01 março 2011

Brasil, meu Brasil!

Hoje é o último dia que tenho permissão para circular com a moto pelo Mercosul, por isso precisava chegar ao Brasil de qualquer jeito para evitar problemas. Verifiquei o mapa e concluí que o melhor lugar para voltar à pátria-mãe seria via Paso de Los Libres e Uruguaiana. Tarefa fácil, “apenas” 750 quilômetros me separava do meu destino.

Villa María fica na província de Córdoba, uma das mais importantes da Argentina, e a estrada encontrava-se em boas condições. Mas foi só passar para outra província que a situação mudou bastante. As rutas 19, na província de Santa Fe, e 127, em Entre Ríos, estão em péssimo estado. Do início ao fim sem acostamento, asfalto ondulado e quase sempre sem pintura, o que deixa os viajantes perdidos durante a noite. Além disso, o asfalto reflete muito a luz dos faróis dos veículos que vêm em sentido contrário, o que acaba nos confundindo quanto à distância e lado da pista em que se encontram.

No caminho, parei na cidade de Santa Fe, capital da província, para tirar umas fotos. Santa Fe está situada às margens do rio Paraná e possui um porto muito importante que liga o interior da Argentina ao Oceano Atlântico.

Segui viagem pelas maltratadas rutas dessa região e às 23h passei pela Aduana entrando no Brasil. O interessante é que, quando entrei na Argentina, as autoridades locais me perguntaram o que eu levava na bagagem. No Chile, a mesma coisa, e ainda me pediram para abrir e mostrar o que tinha dentro. No Brasil, passei e ninguém me perguntou nada. Estranho.



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28 fevereiro 2011

Reparos

O comércio em Mendoza abre a partir das 9h, então esperei até esse horário para buscar um espelho retrovisor novo e também para trocar o óleo da moto, que já completou 6 mil quilômetros rodados.

A Comet é uma moto que não é comercializada na Argentina, portanto não havia como conseguir peças de reposição. Então tive que improvisar. Comprei um retrovisor qualquer e coloquei no lugar do que havia perdido apenas para não ter problemas com a polícia. A troca de óleo levou mais tempo, porque tive que procurar um taller de motos, que é como eles chamam as oficinas aqui na Argentina. Além disso, tive procurar uma casa de câmbio para trocar pesos chilenos por argentinos.

Somente às 14h consegui sair da cidade. No caminho entre Mendoza e San Luis não há postos de abastecimento, por isso saí de tanque cheio para reabastecer 240 quilômetros depois, em San Luis.

Quando cheguei lá, um problema. A gasolina ainda não havia chegado e desde o dia em que estive lá pela primeira vez que estavam sofrendo com isso. O frentista me disse que o caminhão chegaria às 18h. Perguntei como pode um lugar ficar tanto tempo sem que o caminhão de gasolina passasse por lá, achei um absurdo. “La Argentina no tiene plata”, respondeu o frentista. O jeito foi esperar e, pela primeira vez nesta viagem, pilotei de noite.



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27 fevereiro 2011

Hora de Ir

Meu objetivo foi alcançado. Os dois dias que passei no Chile foram bons, mas é hora de começar a voltar ao Brasil. Deixei Santiago com a intenção de passar a noite em San Luis, na Argentina.

Passei outra vez pelo deserto andino e subi Los Caracoles. Tudo corria bem até que, a 4 mil metros de altitude, de volta à aduana chilena e seus trechos com operação pare/siga, fui obrigado a parar em uma parte que não tinha asfalto, só areia e cascalho. Foi preciso acelerar mais forte na hora de sair porque a moto não respondia na altitude da mesma forma que responde ao nível do mar, e aí aconteceu um pequeno acidente. A moto derrapou no terreno baldio e não pude segurá-la. Foi ao chão e quebrou um retrovisor e a capa protetora do pisca dianteiro direito. Quanto a mim, não tive nada além do moral abalado. Precisei parar em Mendoza, em vez de San Luis, para procurar outro retrovisor e, como era domingo e o comércio estava fechado, fui obrigado a passar a noite lá.



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